Thursday, August 18, 2005

Dad´s Home



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Friday, August 12, 2005

Olá "Baby"!



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Tuesday, August 02, 2005

A Voz do Mar



O Artur sentiu sobre a orelha uma coisa muito fria, com um som...
- O que é, mãe?
- Não ouves?
Sim, ouvia. Era um som pesado lá ao longe e que depois vinha, vinha e subia, e que depois se tornava mais brandinho, para logo voltar a vir de longe. Parecia música, mas não era bem música. E talvez fosse. Bom, não seria bem música.
- O que é, mãe? - voltou a perguntar. - Que barulho é este?
- É o mar... É a voz do mar...
- A voz do mar?!
- O mar fica longe, mas a voz meteu-se aí dentro. Isto é um búzio.
- E onde nascem os búzios?
- No mar.
-Então é por isso que se ouve...
- Pois é. As ondas fazem um barulho assim quando se ouvem ao longe. E a gente está longe. Não ouves a voz que lá vem?
- Oiço.
- E depois quebra-se assim como as ondas na areia.
- Então isto é o mar? O mar é o oceano. No mapa chamam-lhe oceano. Parece que há vários... . Eu já ouvi aos que andam no quarto ano: é o Oceano Atlântico, o Oceano Índico...
- Não achas que mar é mais bonito?
- Pois é, mar é muito mais bonito.
De repente, fechou os olhos e juntou as duas mãos sobre o búzio, apertando-o contra o ouvido.
- Agora deve ser um navio que lá vem. É mesmo, é, é um navio...
A mãe aproximou o ouvido, desviando o lenço.
- Não ouves?
Não, a mãe não ouvia. Mas o importante para ele era ter o mar apertado entre as mãos. Lá vinha uma onda... e outra.

Alves Redol, Histórias Afluentes

.....uma linda história! "A última floresta"



Era uma vez uma coelha chamada Flória que vivia com os seus quatro filhotes numa toca funda, fresquinha quando o calor apertava e aconchegadora nos dias em que aquele vento que faz tremer o esqueleto a qualquer ser vivo andava à solta pelos montes e vales das redondezas.
Comida era coisa que raramente preocupava Flória. Bastava sair à porta da sua toca e não lhe faltavam rebentos frescos, tenrinhos, apetitosos a fazerem crescer água na boca a qualquer coelhote mais guloso. Só no fim do Verão, antes das primeiras chuvas, quando a vegetação começava a amarelecer, é que a coelha Flória, depois de tomar as devidas precauções, se aventurava até às hortas dos homens.
Quando voltava, com a barriguita cheia de couves, feijão-verde, alface..., passava pelas brasas em frente à soleira da porta da sua toca. Esta soneca era para ela a mais apetitosa e não a trocava pela melhor coisa deste mundo. Quando acordava passava largos minutos a espreguiçar-se.
Enfim... tinha aquilo a que se costuma chamar uma vida regalada.
Tinha, porque nos últimos dias andava nervosa! Ouvia, cada vez com mais força, um barulho esquisito, estranho, preocupante... lá longe, por enquanto. Este misterioso ruído começou a preocupá-la. Sobretudo porque tinha a certeza que aquele inquietante vrum..., vrum..., vrum..., cada dia se aproximava mais da sua toca.
Naquela tarde não conseguiu fazer a sesta e encontrava-se sentada à porta de casa quando viu a sua vizinha Anafada, uma lebre bem gorducha que media quase tanto de largura como de comprimento e que passava, pachorrentamente, uns metros abaixo. Perguntou-lhe:
— Olha lá, que barulhos infernais são aqueles que se ouvem lá para os lados das hortas?
— Não sei bem. Fui matar a sede ao ribeiro e estava um grupo de raposas debaixo do castanheiro velho, acho que eram aquelas que vivem lá para as bandas do Cabeço, a dizerem, com ar de preocupadas, que vai passar aqui uma estrada muito larga!!!
— O quê?! Bem me dizia o coração que não era nada de bom! Mas tinha fé que não fosse assim tão trágico! O que há-de ser de nós? O que acontecerá aos meus filhos? — disse a coelha Flória com a voz trémula e as lágrimas sustidas a custo.
— Tenho vindo a pensar nisso. E eu que mal me consigo arrastar. Ainda bem que não tenho filhotes. Mas temos de ter calma, alguma solução se há-de arranjar.
— Como?! Não vês que estamos cercados e encurralados por casas, hortas, searas, fábricas, pela barragem... sei lá que mais! Além deste, não conheço outro local onde possamos sobreviver!
— As raposas também estavam a dizer o mesmo! No entanto... talvez alguém mais viajado, mais conhecedor de terras distantes, conheça alguma floresta, ainda que pequena, onde, sem grandes sobressaltos e com poucos perigos, consigamos arranjar um buraco — disse a lebre pondo em prática toda a sua experiência adquirida ao longo da sua já longa vida.
— Deus queira que sim. Olha vou para dentro. Estou tão preocupada, mais pelos meus filhos do que por mim, que nem me apetece conversar. Até amanhã.
— Até amanhã e tem calma — despediu-se também a lebre Anafada.
A coelha entrou e fechou a porta. Quando os seus filhotes sentiram o barulho da fechadura vieram abraçar a mãe. O mais pequenote, de nome Espertezas, que não costumava deixar "fazer o ninho atrás da orelha", perguntou:
— Mamã, por que estás tão nervosa e com os olhos tão vermelhos?
— Vi ali abaixo um cão enorme, quase tão grande como um burro!! — desculpou-se a coelha Flória.
— Não deve ser por isso! Já estiveram muitos cães a farejar e de sentinela à nossa porta e tu nunca tiveste medo! — insistiu o filho Espertezas.
— Mas este cão era muito grande, maior do que um burro!!
— Se era assim tão grande, ficamos mais descansados! — disse o Espertezas com grande calma.
— Porquê? — perguntaram os três irmãos ao mesmo tempo.
— Ora essa! Porque não cabe na porta e não pode entrar aqui dentro — respondeu o Espertezas com ar de grande sábio.
— Tens razão! — disseram os seus irmãos simultaneamente. — Vá, está na hora de ir dormir — interrompeu a mãe, dando a conversa por encerrada.
Os filhotes rapidamente adormeceram mas a coelha não conseguia pregar olho. Pé ante pé, abriu a porta e saiu para a rua. Sem saber onde estava e o que fazia, encostou-se a um pinheiro.
— Boa noite Flória! — esta assustou-se e, sem querer, deu um salto. — Não tenhas medo, sou eu, o teu amigo bufo Noitivanas!
Não é costume andares a esta hora fora de casa!
— Não consigo dormir! A Anafada disse que vai passar por aqui uma enorme estrada e eu não sei para onde hei-de ir com os meus filhos! — lamentou-se a Flória.
— Olha que a lebre tem razão! Pensei que já sabias. As máquinas devem aqui chegar na próxima semana!
A coelha não conseguiu suster mais as lágrimas, rompeu em grande pranto e começou a gritar:
— Ai os meus queridos filhos! Ai os meus queridos filhos!
— O Noitivanas desceu do pinheiro, abeirou-se da sua amiga, passou-lhe a asa pelo focinho e disse-lhe:
— Que é isso?! Não chores! Como sabes eu viajo muito todas as noites. Às vezes vou para uma pequena floresta, a última que ainda existe nestas redondezas e que fica a uma légua para além da última casa. Amanhã fazes as malas e, pela calada da noite, atravessas a povoação e mudas-te para lá com os teus pequenos.

AUTOR: António José H. Ferreira de Condeixa-a-Nova
C/ agradecimento do colega Vaz Nunes-Ovar

Não deixes de ser criança!

Não deixe teus sonhos se perderem
E nem tua infância para trás
Por culpa do mundo dos adultos.
Não tente se envolver nas brigas
Inúteis de seus queridos pais
Porque, muitas vezes, nem eles
Sabem porque estão brigando.

Não pense que o mundo dos adultos
É sempre assim muito complicado.
Não, não tem assim tanta complicação.
São os adultos que das coisas simples
Tornam-nas mais complicadas do que são.
Ah, se em todo adulto tivesse uma criança
Os problemas sempre teriam solução!

Mas se você é uma criança adulta
Volte a ser simplesmente criança,
Volte a viver e a pensar como criança
Pois quando te tornares pessoa adulta
Não conseguiras ser uma adulta criança
E então sentiras muitas saudades
De tua mais remota infância....

Edmar Guedes Correa