Monday, October 31, 2005

Dia das Bruxas



Ladainha da Grande Queimada das Bruxas
Sapos e bruxas, mouchos e crujas, demonhos, trasgos e dianhos, spírtos das eneboadas beigas, corvos, pegas e meigas, feitiços das mezinheiras, lume andante dos podres canhotos furados, luzinha dos bichos andantes, luz de mortos penantes, mau olhado, negra inveija, ar de mortos, trevões e raios, uivar de cão, piar de moucho, pecadora língua de má mulher casada cum home belho. Vade retro, Satanás, prás pedras cagadeiras! Lume de cadávres ardentes, mutilados corpos dos indecentes peidos de infernais cus. Barriga inútil de mulher solteira, miar de gatos que andam à janeira, guedelha porca de cabra mal parida! Com esta culher levantarei labaredas deste lume, que se parece co do Inferno. Fugirão daqui as bruxas, por riba de silbaredos e por baixo de carbalhedos, a cabalo na sua bassoira de gesta, pra se juntarem nos campos de Gualdim. pra se banharem na fonte do areal do Pereira... Oubide! Oubide os rugidos das que estão a arder nesta caldeira de lume. E cando esta mistela baixe polas nossas gorjas, ficaremos libres dos males e de todo o embruxamento. Forças do ar, terra, mar e lume, a vós requero esta chamada: Se é verdade que tendes mais poder que as humanas gentes, fazei que os spírtos ausentes dos amigos que andam fora participem connosco desta queimada!

http://www.espigueiro.pt/index.html

Sunday, October 30, 2005

Pedagogia de Miguel Torga



PEDAGOGIA

Brinca enquanto souberes!

Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição.
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!

Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

(1960)Miguel Torga

Friday, October 28, 2005

Dia dos idosos ( dos Avós)



"Para o idoso o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida... para os velhos todos os dias parecem o último de uma longa jornada"
SER AVÓ
Ser avó é sentir felicidade
É conhecer um amor doce, profundo,
É viver de carinho e ansiedade,
É resumir nos netos o seu mundo!

Ser avó é voltar a ser criança,
É fazer tudo pelo neto amado...
É povoar a vida de esperança,
É reviver todinho o seu passado.

Ser mãe é dar o coração, eu creio,
Mas ser avó... que sonho abençoado!!!
É viver de ilusão, num doce enleio,
É viver no neto o amor ao filho amado!


uma avó sócia da SAF

Saturday, October 22, 2005

Um Tetris diferente



Clique na imagem e vamos jogar!

Vamos a um Joguinho?



Clique na imagem, aguarde e vamos a uma partidinha!

In Orapois

O vale dos Dinossauros



Certa manhã, a montanha se agitou, o vulcão que estava adormecido começou a dar sinal que voltaria a expedir sua lava. Assustados os dinossauros se reuniram cada um em sua caverna. - O que vamos fazer? - perguntavam os jovens. - Não podemos fazer nada, - diziam os mais velhos. Bront levantou seu pescoço e disse: - Vamos embora! Além da motanha existe um lugar para nós! - Os mais velhos repreenderam Bront, ele deveria estar sonhando. Bront falou de Ptolomeu e o que ele viu, trouxe também as folhas diferentes como prova. O desafio porém era a caverna de Tirano, a única passagem para sair do Vale. Bront e Trion reuniram todas as famílias e disseram: - Vocês vivem no mesmo Vale, mas não se ajudam. Agora no entanto, estão diante do mesmo perigo, escolham: vamos unir nossas forças e viver ou iremos todos morrer. As famílias se olharam, naquela hora ouviram o barulho de uma erupção, não tinham tempo a perder. Reuniram-se e marcharam para a caverna. Na entrada podiam ouvir o rugido de Tirano. Tegaro, o estegossauro adiantou-se na fila e disse: - Um de nós tem que distrair Tirano para os outros passarem. - Esse alguém morrerá com certeza! - falou Guanon, o iguanodonte. Um velho pinacossauro adiantou-se, e ohando para Bront falou: -Como disse o jovem pescoçudo, temos que nos ajudar, eu distrairei o Tirano. Já vivi muito, se morrer ficarei feliz de saber que foi para salvar outros. Bront e Trion colocaram-se ao lado do velho pinacossauro e falaram: - Juntos somos mais fortes que Tirano, ninguém vai morrer! Naquela hora o vulcão entrou em erupção, expelindo uma chuva de pedras incandescentes. Marchando decididos, os dinossauros entraram na caverna. No meio da caverna segui-se uma luta: Tirano avançou sobre o pinacossauro. Bront e Trion atacaram Tirano, e Ptolomeu dando vôos rasantes, bicava seus olhos. Os demais dinossauros, encorajados pelo exemplo deles avançaram sobre Tirano, derrubando-o. Logo depois, caminharam vitoriosos para o outro lado e viram o maravilhoso lugar que seria o novo lar. Daquela gloriosa batalha guardaram a coragem e a lição que aprenderam com Bront e Trion: juntos eram mais fortes e capazes de realizar grandes façanhas

O Pinóquio



Era uma vez um velho carpinteiro chamado Gepeto. Ele não tinha filhos, desta forma passava seu tempo construindo bonecos. Um dia, Gepeto construiu um boneco de madeira muito bonito, e colocou o nome de Pinóquio. À noite, pediu para as estrelas que seu boneco virasse um menino de verdade. Enquanto Gepeto dormia, Pinóquio recebeu a visita da fada Azul. Ela deu vida ao boneco e prometeu que se ele se comportasse bem, o transformaria em um menino de verdade. O Grilo Falante foi nomeado a consciência de Pinóquio. Na manha seguinte, quando Gepeto acordou, ficou radiante de alegria, e matriculou Pinóquio em uma escola. No seu primeiro dia de aula, Pinóquio encontrou pelo caminho João Honeto e Gedeão. Eles o convenceram a conhecer a Ilha de Prazeres, onde ninguém trabalhava. Pinóquio, que gostava de aventuras, esqueceu que deveria consultar sua consciência. Seguiram a viagem em uma carroça que era puxada por burrinhos, muito infelizes. Quando chegaram, Pinóquio saiu correndo, para conhecer a ilha. Era tudo muito bonito, cheio de doces e brinquedos. Ele estava brincando, quando percebeu que estavam crescendo orelhas e rabo de burro em seu corpo. Ficou muito assustado e chamou pelo Grilo Falante. O Grilo perguntou a Pinóquio o que estava fazendo na ilha, ele começou a mentir, e a cada mentira seu nariz crescia. O Grilo não sabia como ajudar seu amigo. Os dois descobriram que as crianças que vinham para aquele lugar eram transformadas em burrinhos. Resolveram pedir ajuda para a Fada Azul, que tirou todas as crianças da ilha. Quando voltou para casa, Pinóquio não encontrou Gepeto. Estava procurando em uma praia, quando encontrou uma garrafa com uma carta dentro. A carta dizia que Gepeto estava procurando Pinóquio no mar, quando foi engolido por uma grande baleia chamada Monstro. Pinóquio entrou no mar para procurar seu pai. Perguntava a todos os peixinhos que encontrava, se conheciam a baleia Monstro. De repente ele foi engolido pela baleia, sem que percebesse o que estava acontecendo. Dentro da barriga dela, encontrou o barco de Gepeto, e os dois se abraçaram de alegria. Logo depois chegou o grilo, e os três juntos tiveram a idéia de fazer uma fogueira na barriga da baleia. A baleia espirrou forte, por causa da fumaça, jogando os três para fora. Chegando em casa, a Fada Azul já esperava por eles. Como recompensa pela valentia e lealdade de Pinóquio, ela transformou o boneco em um menino de verdade.

Thursday, October 20, 2005

A Vida



A Vida

António Torrado escreveu

Era uma vez um belo cabelo levado pelo vento. Loiro. Vinha uma corrente de ar e soprava-o para um lado. Vinha outra corrente de ar e soprava-o para o outro. E o cabelo rodopiava, solto à luz do Sol, que com qualquer coisa se maravilha. Até um singelo grão de pó, tocado pelo Sol, fica como se fosse de prata...
Cabelo de anjo seria? Cabelo de fada? Cabelo de menina que pela primeira vez se penteia?
- Esta história tem um cabelo - disse alguém, fazendo uma careta, como se dissesse "Esta sopa tem um cabelo" e a pusesse de lado.
Pois tem. E depois? Um cabelo não merece história?
Então, continuemos.
O cabelo encontrou-se no ar com uma pena, uma pequeníssima pena, tão leve como ele. De pavão? De pintassilgo? De canário? Tanto faz. Há muito tempo que sabia voar sozinha.
Cabelo e pena são agora dois. Junta-se-lhes um
fiapo de algodão, tão sem destino como eles. Já são três. E a história complica-se.
Para complicá-la mais, veio ter com eles um fio de seda, sabe-se lá donde... Talvez de uma bordadeira que sacudiu a saia. Ou de uma fita a enfeitar cartas, que o tempo esqueceu...
São coisas sem nada, sem peso, sem destino, mas com muita história por contar.
Uma semente, depois, agarra-se à pena, ao cabelo, ao
fiapo, ao fio de seda, e todos juntos dançam a moda que o vento quer.
Ah, mas a semente é pesada e a dança termina cedo. Cai, arrastando consigo na queda as asas a que se juntara.
Logo a seguir veio a chuva.
A semente afunda-se, um niquinho só, mais o rolo de coisas sem futuro, que caíram com ela.
E pronto.
Para a próxima Primavera, daquela semente vai nascer uma erva, com uma flor ao cimo. Uma flor branca, como o
fiapo de algodão, de pétalas frágeis como penas.
Há-de vir o vento arrebatá-la da haste e levá-la com ele, como um fio de seda, um cabelo, eu sei lá que mais...
É a vida.