Contada pelo colega Mário Pereira
De certo conheceis a Carochinha
Que, por acaso, achou cinco reis
Quando varria a sua cozinha
Feliz ficou, como o sabeis.
Corre, corre para a janela
Contente com bastante graça
Eufórica, vibrando toda ela
Se põe a gritar a quem passa:
Quem quer casar com a Carochinha?
Que na cozinha cinco reis achou
E é tão bondosa e bonitinha!...
Eis que passa, então
Garboso repleto de ética
O famoso João Ratão
Ao ver a cena tão patética
Pára, e docemente lhe diz:
Carochinha, Carochinha, és bonitinha
Vá lá. Arrebita-me esse nariz,
Afina-me bem essas antenas,
Põe tento nessa sacola,
Que só te explico apenas:
Cinco réis, nem por esmola,
Que esta fábula é velhinha
De antigualhas tamanhas
Que hoje, minha lindinha
Nem com escudos me apanhas.
Euros terás de arranjar
Bastantes já se vê
Se comigo queres casar
Deixa-os à mercê.
Eu te prometo, então,
Que bom futuro terás
Palavra de João Ratão
Viúva não ficarás.
Com euros na algibeira
Te juro de coração
Folgados vivemos à maneira,
Eu me livro do caldeirão
Para que isto te console
Iniciaremos nova geração
Com uma copiosa prole
De ratachas e carochatos.
E para os saciar
Na mesa, muitos pratos
Sem alimentos controlar
Mais uma vez te garanto
Teremos um casório rico
Com uma boda de espanto
E, com esta, por aqui fico.
E não disse mais o maganão…
Assim se acaba a história
De Carochinha e do João Ratão.
